Como escrever mais rápido: Conheça os segredos de Isaac Asimov para ser um escritor prolífico
- O. Erick Trautvein
- 19 de jul. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 15 de ago. de 2023

Ele escreveu 500 livros. Descubra a rotina de escrita do autor e suas dicas valiosas para aperfeiçoar a escrita e se tornar um escritor mais produtivo.
Outro dia assisti um episódio da série Young Sheldon que se passaria após a morte de Isaac Asimov, nele Sheldon estava indignado por ninguém da sua família conhecer o autor.
Nem mesmo sua "Memaw" conhecia grande autor de ficção científica, mesmo tendo sido seu falecido esposo quem deu para o Sheldon o box da trilogia Fundação.(provavelmente a obra mais famosa do autor.)
Em dado momento, enquanto falava dos feitos do autor, ele citou que Azimov escreveu mais de 500 livros.
Nessa hora pulei da cama e pausei a série.
Caso você me acompanhe no instagram, talvez tenha me visto dizer que tenho a meta de escrever 100 livros.
Então dá para se imaginar como fiquei doido ao saber que Azimov escreveu 500 livros, 5x a minha meta. Para ser sincero fiquei até bravo. Não com ele. Comigo. Como alguém consegue contar tantas histórias de forma eficiente e eu não!?
Mas o importante é: se alguém fez é possível replicar.
Resolvi pesquisar sobre como ele escrevia, se tinha alguma dica de escrita, qual era a rotina de escrita de Asimov, e como fazia para manter a disciplina na escrita.
Já tinha ouvido falar de Isaac Azimov, se não me engano tomei conhecimento da importância do autor no meio da ficção científica hard quando o Rob Gordon citou a fundação no podcast Gente que escreve.
Na época coloquei a coleção na lista de leitura, mas nunca fui atrás.
Para você ter ideia da sua importância no meio, foi ele quem primeiro usou o termo "Robotics" e criou as três leis da robótica no seu livro “Eu, Robô”.
A primeira coisa que chamou a atenção enquanto pesquisava foi o aumento progressivo das suas publicações ao longo dos anos.
Após publicar sua primeira história curta em 1939 ele levou 20 anos até completar a sua primeira centena de livros. Já a segunda centena levou apenas 9 anos e meio, literalmente dobrou o ritmo de sua escrita. A terceira centena de livros levou apenas 69 meses, poucos menos de seis anos. Nas palavras do autor:
"Ao longo de um período de 40 anos, eu publiquei uma média de 1.000 palavras por dia. Ao longo do segundo período de 20 anos, eu publiquei uma média de 1.700 palavras por dia." — Asimov, 1994, A memoir
Além dos livros, escreveu mais de 90,000 cartas e cartões postais. Não se limitou a escrever apenas sobre ficção científica, também escreveu sobre matemática, astronomia, história, química e inúmeros outros temas. Isso é importante, o fato de estudar e escrever sobre assuntos diversos demonstra que tinha repertório e isso é essencial para qualquer autor. É a base para se ter novas ideias.
“Eu não poderia escrever a variedade de livros que consigo escrever apenas com o conhecimento que adquiri na escola. Eu tive que manter um programa de auto-educação em andamento. Minha biblioteca de livros de referência cresceu e descobri que tinha que suar sobre eles em meu medo constante de entender mal um ponto que para alguém conhecedor do assunto seria ridiculamente simples.”
Para aumentar seu repertório é preciso ter fome por conhecimento.
“Toda essa leitura incrivelmente variada, fruto da falta de orientação, deixou sua marca indelével. Meu interesse foi despertado em vinte direções diferentes e todos esses interesses permaneceram. Escrevi livros sobre mitologia, Bíblia, Shakespeare, história, ciência e assim por diante.”
Também podemos destacar o óbvio. Ele começou a escrever mais rápido à medida que escrevia mais, tsc tsc, a prática traz a perfeição.
Quanto mais você escrever, melhor e mais rápido será a sua escrita. Ponto.
Mas isso não era o suficiente, queria mais. Imagino que podemos destacar alguns pontos que levaram a esse aumento de produtividade na escrita do autor.
Ele dominou a técnica da escrita tão bem que provavelmente o texto saia da sua mente para o papel praticamente acabado, precisando de poucos ajustes na edição. Inclusive após determinado momento ele passou a limitar-se apenas a duas revisões por obra, para não ficar preso muito tempo numa obra que acabasse se apegando mais.
Em 1958 a renda dos livros ultrapassaram o que ganhava dando aulas, possibilitando largar o trabalho como professor para se dedicar exclusivamente à escrita de ficção cientifica. Essa deve ser a meta de todo escritor, publicar, publicar e publicar até que seus livros se tornem a sua fonte de renda principal.
Ao mesmo tempo, em que Assimov era contra a busca da perfeição, considerando um erro tentar acertar toda a obra logo de primeira, ele enfatizava a importância de se ter autoconfiança na própria escrita.
“[Um escritor] não pode ficar sentado duvidando da qualidade de sua escrita. Em vez disso, ele tem que amar sua própria escrita. Eu o faço.” — Asimov
Ele tinha o hábito de escrever diariamente. Com uma disciplina quase militar ele sentava em frente a sua máquina de escrever elétrica por volta do mesmo horário, e passava quase o dia todo escrevendo com poucas pausas ao longo dia. Inclusive tinha sempre uma máquina de escrever reserva em caso da primeira dar PANE ele continuava escrevendo na segunda. (NADA DE DESCULPAS!)
Como toda essa prática o seu estilo narrativo provavelmente se consolidou depois de um dado momento a ponto dele saber exatamente o que funcionava, o que não funcionava, a fim de expressar melhor determinada ideia em seus livros.
Evitando ter de lidar com várias inseguranças que muitos autores iniciantes tem. No começo é normal que fiquemos revirando nosso texto sem ter certeza se está bom o suficiente, aos poucos com prática vamos ganhando confiança.
“O escritor comum está fadado a ser assaltado por inseguranças enquanto escreve. A frase que ele acabou de criar é sensata? Foi expresso tão bem quanto poderia ser? Soaria melhor se fosse escrito de forma diferente? O escritor comum está, portanto, sempre revisando, sempre cortando e mudando, sempre tentando diferentes maneiras de se expressar e, pelo que sei, nunca está totalmente satisfeito.”

E o temido bloqueio criativo? Será que Issac Asimov passava por eles também?
Ao ver a quantidade de livros publicados é fácil pensar que ele era um indivíduo superior que não sofria de tal problema que aflige inúmeros autores mundo afora. Mas na realidade não era bem assim, eventualmente, ele também ficava preso na sua escrita.
“Freqüentemente, quando estou trabalhando em um romance de ficção científica, sinto-me profundamente enjoado dele e incapaz de escrever mais uma palavra.”
O que diferencia escritores profissionais de amadores, é justamente o que ele fazia após se deparar com um bloqueio na hora da escrita.
Ao longo de sua carreira, Asimov elaborou uma estratégia para manter o fluxo de escrita em tais momentos.
“Não fico olhando para folhas de papel em branco. Não passo dias e noites acariciando uma cabeça vazia de ideias. Em vez disso, simplesmente deixo o romance e vou para qualquer uma das dezenas de outros projetos que estão em andamento. Escrevo um editorial, ou um ensaio, ou um conto, ou trabalho em um dos meus livros de não-ficção. No momento em que me canso dessas coisas, minha mente consegue fazer seu trabalho adequado e se encher novamente. Volto ao meu romance e me vejo capaz de escrever com facilidade mais uma vez.”
E quando perguntado por um amigo seu de onde vinham tantas ideias, ele simplesmente respondeu:
“Pensando e pensando e pensando até estar pronto para me matar. […] Você pensou que era fácil ter uma boa ideia?”
Como podemos ver até um escritor prolífico como Issac tinha te lidar com a falta de ideias, é normal ter esses momentos. O importante é não parar nem desistir. Continue a pensar. Enfim, não sabe como continuar sua história? Escreva outra coisa, de tempo para sua mente descansar, não fique batendo a cabeça na parede e não se apegue ao perfeccionismo.
Sobre estilo narrativa, ele diz o seguinte:
“Tenho um estilo informal, o que significa que costumo usar palavras curtas e estrutura de frases simples, para não falar de coloquialismos ocasionais. Isso irrita quem gosta de coisas poéticas, pesadas, complexas e, acima de tudo, obscuras. Por outro lado, o estilo informal agrada a quem gosta da sensação de ler um ensaio sem perceber que está lendo e de sentir que as ideias estão fluindo do cérebro do escritor para o seu sem atrito mental.” — Asimov, 1980[225]
Essa forma de escrever se encaixa muito bem com os dias de hoje, onde estamos competindo a atenção do leitor com tantas outras formas de entretenimento. Não podemos nos dar o luxo de escrever de forma rebuscada.
Enfim, é evidente que Isaac Asimov foi um escritor excepcionalmente prolífico e talentoso. Ele nos ensinou que a prática constante, a disciplina e a busca por conhecimento são fundamentais para se tornar um grande escritor e aprender a escrever mais rápido.
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