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Como Escrever Finais Inesquecíveis para Suas Histórias: Dicas para Escritores

  • Foto do escritor: O. Erick Trautvein
    O. Erick Trautvein
  • 8 de dez. de 2023
  • 7 min de leitura

Atualizado: 9 de ago. de 2024

Você já se viu completamente envolvido numa história, virando página após página, ou assistindo episódio após episódio, apenas para se sentir desapontado com um final que não fez jus ao resto da obra?


Finais podem eternizar ou estragar uma história.


Consegue pensar numa obra que estava indo excelentemente bem até chegar ao final?

Se você já experimentou isso, sabe o quão crucial um bom final pode ser para a satisfação geral de qualquer narrativa.


Lembro que passei quatro meses lendo um livro de mil e poucas páginas do Stephen King, A Dança da Morte, e eu diria que a obra é excelente durante todo o caminho, mas o final me fez questionar se valeu a pena dedicar meu tempo àquele livro.


Seja em um livro, um filme, uma série de TV ou até mesmo uma história contada por um amigo, o final pode ser o elemento que eleva uma história de boa para inesquecível.


Neste post, veremos a opinião de autores como Syd Field e Aristoteles, sobre modos de encerrar sua história de maneira a deixar seus leitores satisfeitos.


Um bom Final Precisa ser Inevitável e Inesperado Segundo Aristóteles.

Eu não canso de me impressionar com os gregos, dois mil anos se passaram e continuam atualizados, a meta é chegar no nível deles hahah.


Segundo Aristóteles, um bom final deve ser, ao mesmo tempo, inevitável e inesperado.

Ele enfatiza que uma história bem elaborada, especialmente uma tragédia, deve ter uma estrutura lógica e coerente, levando a uma conclusão que parece necessária com base nos eventos que se desenrolaram, mas que ainda surpreende o público.


Peguemos Senhor dos Anéis de exemplo:


Você é apresentado logo no início ao Anel, você sabe que para a história terminar com um final positivo é inevitável que o anel precisa ser destruído na montanha da perdição.


Passamos a obra inteira acompanhando os personagens tentando fazer isso e no fim o anel é de fato destruído, mas mesmo assim você ainda é surpreendido, uma vez que quem o destrói é quem mais queria o anel para si.




Inevitável, mas inesperado.


Conheça o final no início da sua história.

O final é a primeira coisa que você deve saber antes de começar a escrever. Sua história sempre avança - ela segue um caminho, uma direção e uma linha de progressão do início ao fim. ~ Syd Field, Manual do roteiro

Gosto dessa ideia do Syd Field por servir até para escritores jardineiros que gostam de descobrir o caminho a medida que escrevem, porque você não precisa planejar e saber todo o caminho da história, mas apenas saber aonde quer chegar.


É como andar numa cidade em direção a algum monumento gigante, tipo sei lá, a estátua da liberdade. Você talvez não conheça todas as ruas da cidade, mas ao menos sabe que se seguir na direção daquele monumento rasgando o horizonte chegará a seu destino.


E claro você não precisa saber exatamente todos os detalhes do fim, as coisas podem mudar ao longo do caminho, mas o ideal é que você saiba mais ou menos como sua história irá terminar.


Além disso, conhecer o final vai te possibilitar colocar pistas ao longo da história para seu leitor.


Em Clube da Luta, a revelação final de que o Narrador e Tyler Durden são a mesma pessoa recontextualiza toda a trama.


Este final foi efetivamente sinalizado desde o início, através de pistas sutis e um desenvolvimento de um personagem consistente.


Ao assistir novamente, percebemos que o final já estava sendo construído desde as primeiras cenas, exemplificando brilhantemente a ideia de Syd Field sobre a importância de conhecer o final desde o início.



Características de um bom final de uma história

Grande é a arte de começar, mas maior é a arte de terminar. ~Henry Wadsworth Longfellow

Longfellow destaca a importância de um bom final numa história e como pode ser uma tarefa desafiadora concluí-la. Então se você está apanhando para escrever o final da sua história, saiba que é normal ter dificuldades nessa etapa. Principalmente se estiver escrevendo seu primeiro livro.


A boa notícia é que existem algumas caracterizaras recorrentes em bons finais.


  • Fidelidade aos Personagens: Busque ser fiel ao desenvolvimento e à trajetória dos seus personagens, refletindo suas jornadas e transformações ao longo da história.

  • Naturalidade e Fluidez: O final deve fluir naturalmente a partir dos eventos da história, sem parecer forçado ou artificial. Já assistiu a um filme e teve a sensação que determinada cena foi forçada? Que os roteiristas a colocaram ali apenas para fechar o roteiro? Evite isso. Garanta que o final da sua história tem lógica e faz sentido.

  • Construa tensão quando estiver chegando ao fim. Tudo precisa dar muito errado antes das coisas começarem a se resolverem. Em caso de finais trágicos, aí pode ser o oposto, em Breaking Bad, antes de tudo ir para o ralo temos um instante onde achamos que Walter White conseguiu tudo que queria, a família, o poder e o dinheiro. Só que não podia terminar assim.



  • Amarre as pontas do seu roteiro. Abriu um tema? Trate de fechá-lo. Foi-se o tempo em que as pessoas gostavam de finais abertos e ambíguos, a grande maioria das pessoas hoje em dia está “doutrinada” pela indústria do entretenimento a receberem finais definidos.

  • Feche os arcos e Temas apresentado no começo da história: Um bom final ecoa frequentemente o início da história, criando um senso de plenitude e fechando ciclos temáticos e narrativos.

Os chineses dizem que "a mais longa das jornadas começa com o primeiro passo", e em muitos sistemas filosóficos "finais e inícios" se tocam; como no conceito de Yin e Yang, dois círculos concêntricos juntos, unidos para sempre, opostos para sempre. Finais e inícios se relacionam, e esse princípio pode ser aplicado ao roteiro. ~ Syd Field, Manual do roteiro

Em 1984 de George Orwell, o final onde Winston abraça o amor por Big Brother é tanto inevitável quanto desolador.

Este final é poderoso devido à sua fidelidade ao desenvolvimento do personagem e aos temas sombrios do livro. A inevitabilidade do final reflete o controle opressivo do regime e a perda da liberdade individual, ecoando o início da história, onde Winston já se encontra em um estado de vigilância e medo.


Este final não apenas resolve o conflito central de Winston, mas também deixa um impacto duradouro no leitor, ressaltando a importância de um final que seja fiel aos temas e personagens da história.




Imagine várias possibilidades para o Fim da sua História.


Um bom exercício para encontrar o final da sua história é imaginar várias possibilidades de finais, e se pergunte quais emoções cada proporciona.


É muito absurdo? Tem coerência? Se não tiver ou não te agradar, volte a imaginar alternativas.


Lembre-se, a sua imaginação é infinita. Então entre e desbrave essa selva. Não tenha medo de ver no que dará. Não é como se ao pensar num final ruim você tivesse que usá-lo.


Achou a ideia ruim? Joga fora e começa a brincar de novo.


Essa é a mágica da escrita, sua história será o que você decidir. Faça perguntas e veja o que sua mente responde. Repita até chegar num final satisfatório.

O oposto de um final feliz não é realmente um final triste – o final triste às vezes é o final feliz. O oposto de um final feliz é na verdade um final insatisfatório. ~Orson Scott Card

Deixe espaço para Interpretação.


Esse é um conselho bastante dado por aí, e faz bastante sentido, afinal é interessante tratar o leito como alguém inteligente. Nem tudo precisa ser dito, o contexto e subtextos podem ser o suficiente para passar a informação e deixar a obra mais interessante.


Talvez o melhor exemplo disso seja: Capitu traiu ou não traiu bentinho?


O simples fato de Machado ter deixado essa questão em aberto em Dom Casmurro é algo que faz sua obra ser discutida todos os anos em diversas escolas em nosso país, milhares e milhares de estudantes ficam com a dúvida na cabeça todos os anos.


E veja bem, deixar espaço para interpretação é diferente de ser preguiço e não entregar um final satisfatório, e sim ao mesmo tempo, em que entrega um final, você coloca pulgas na orelha do leitor que o faz ficar pensando mais e mais na história.


Quando sei que devo terminar a minha história?

Você como escritor possui o poder de escolher qual o recorte da história que faz mais sentido para a mensagem que quer passar.


Pode contar toda a história do nascer ao enterro de uma pessoa, mas será que é mesmo necessário contar tudo isso? Talvez seja interessante trazer apenas o recorte do início ao fim da transformação do seu protagonista.


A pergunta a se fazer é:


Qual o recorte da sua história que melhor transmite a sua mensagem?

Não existe um final real. É apenas o lugar onde você para a história. ~Frank Herbert

Conclusão: O Poder de um Final Bem Escrito

Chegamos ao fim de nossa jornada obre como escrever o final do seu livro.


Lembre-se, o final de uma história não é apenas uma conclusão; é o eco que permanece na mente do leitor, o último acorde de uma sinfonia emocional.


Ao aplicar as dicas e técnicas discutidas, você pode transformar o final da sua história em algo memorável e impactante. Reforçando o que aprendemos:


  • Inevitável, mas Inesperado: Siga os passos de Aristóteles e busque criar finais que surpreendam o leitor, mas que sejam coerentes com a trama.

  • Conheça Seu Destino: Como Syd Field aconselha, saber o final desde o início pode ser um farol que guia sua narrativa.

  • Fidelidade e Coerência: Seja fiel aos seus personagens e à lógica do seu mundo.

  • Tensão e Resolução: Construa tensão e ofereça uma resolução satisfatória.

  • Arredondando a História: Feche os arcos e temas apresentados, refletindo sobre o início da sua narrativa para criar um senso de plenitude.

Enfim, como escritores podemos escolher como e onde cortar o fio da narrativa.


Cada história é uma tela única, e o fim é a pincelada final que define a obra.


Inspire-se, experimente e não tenha medo de reescrever até que seu final ressoe com a força da sua visão criativa.


Agora, munido destas dicas, encorajo você a mergulhar de volta em suas histórias. Escreva, reescreva e crie finais que irão cativar, emocionar e permanecer na memória de seus leitores. Boa escrita!

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